María Katzagiannaki: “Nós, arquitetos, buscamos projetar espaços onde o bem-estar dos funcionários assume um papel protagonista”

Quais são as tendências no design de escritórios? Como serão os escritórios do futuro e que espaço o bem-estar ocupará neles? Essas e outras perguntas foram feitas à arquiteta María Katzagiannaki, que nos trouxe uma visão clara e atualizada sobre o design dos novos escritórios, o futuro da arquitetura corporativa e o papel do bem-estar e da ergonomia.

Quais são as principais tendências que você observa hoje no design de escritórios?
O design dos espaços de trabalho está em um momento de transição, alinhado à mudança no paradigma laboral marcada pela pandemia e pela implementação de novas tecnologias. O retorno ao escritório gerou novos desafios na forma de ocupá-lo. Nós, arquitetos, buscamos projetar e concretizar espaços atrativos, onde o bem-estar dos colaboradores ganha protagonismo, ao lado do conforto e da produtividade.
Ao projetar os escritórios atuais, buscamos maximizar a luz natural, criar espaços flexíveis, promover a comunicação e eliminar a hierarquização tradicional dos ambientes. É fundamental permitir que os espaços sejam apropriados de diferentes formas, oferecendo a possibilidade de se trabalhar em locais variados, e não apenas na mesa de trabalho. Também é importante oferecer espaços de convivência em diferentes escalas, e, em muitos casos, áreas lúdicas que permitam pequenas pausas e favoreçam diferentes formas de interação.
Além disso, um dos maiores desafios da nossa época — presente em todos os campos do habitar — é o design com consciência ambiental, tanto na escolha de materiais quanto nas características arquitetônicas que otimizem o conforto térmico e minimizem o consumo energético.
Como você imagina o “escritório do futuro”?
Imagino um novo estado híbrido entre tecnologia e natureza.
Em poucos anos, diversas profissões serão redefinidas com o avanço da inteligência artificial, de formas que ainda não conseguimos prever. A realidade virtual e aumentada serão ferramentas para fomentar a conectividade e a produtividade. Os espaços de trabalho passarão a ser definidos tanto por suas características materiais tangíveis quanto por suas dimensões virtuais intangíveis.
Acredito que surgirá uma nova necessidade de manter a possibilidade de encontros presenciais, de comunicação e troca, e de estarmos em ambientes que nos conectem com os processos naturais. Estará mais presente do que nunca a necessidade de habitar espaços onde as leis da natureza continuem nos vinculando aos ritmos e processos do mundo natural.
Qual o papel do bem-estar dos funcionários nesse novo design?
O grande desafio atual é como tornar o espaço de trabalho atrativo e aberto à apropriação de formas diversas. O ponto em comum desses desafios é justamente o bem-estar dos colaboradores.
Projetar um ambiente que permita diferentes formas de estar ao longo da jornada, que ofereça versatilidade, promova o movimento e seja flexível, transforma o escritório em um espaço competitivo frente ao conforto da casa. Esses espaços fortalecem os vínculos dentro da comunidade de trabalho, incentivando a troca e a criatividade. É importante que o ambiente proporcione experiências além da mera eficiência, envolvendo a apropriação do espaço, a possibilidade de expressão, identificação e o desejo de pertencimento.
Quais outros fatores influenciam na transição do “escritório tradicional” para os “novos escritórios”?
Em primeiro lugar, a mudança no paradigma da forma de trabalhar. O vínculo inquestionável com o escritório como espaço fixo foi rompido definitivamente com o teletrabalho massivo durante a pandemia, momento em que ficou evidente que a tecnologia já estava pronta para permitir essa transição.
Em segundo lugar, vivemos uma época de consciência ambiental e do bem-estar humano. Reduzir o uso de recursos, cuidar do corpo e entender a importância do bem-estar físico para a eficiência no trabalho. Ambientes saudáveis e sustentáveis.
Essas duas condicionantes não se encaixam mais no modelo tradicional de escritório com baias isoladas e postos de trabalho fixos.
Qual o papel da ergonomia e do movimento na nova arquitetura de escritórios?
A ergonomia sempre foi um dos pilares fundamentais da arquitetura. Ela está presente em cada disposição e decisão projetual, servindo como métrica de validação.
Hoje, a ergonomia é reinterpretada sob a ótica das novas necessidades do mundo do trabalho, inserindo novas regras relacionadas à consciência corporal. Demandas como diferentes posturas ao longo do dia e a importância do movimento para o equilíbrio intelectual e emocional são levadas em consideração. Com isso, surgem propostas inovadoras de mobiliário: alturas variadas, bancos e poltronas nos ambientes de trabalho, mesas com altura regulável. Essas soluções enriquecem o projeto arquitetônico, que, por sua vez, responde a essas mesmas necessidades ao integrar o mobiliário com os elementos fixos do espaço.
María Katzagiannaki, natural da Grécia, combina sua atuação acadêmica — como professora adjunta na cátedra Abaca da Faculdade de Arquitetura, Design e Urbanismo da UBA — com o desenvolvimento de projetos arquitetônicos. Com foco em instituições e espaços culturais, ela projeta escritórios, lojas e, principalmente, residências.
“Cada projeto é um novo desafio. O processo desde a concepção até a concretização e a transformação da vida dos usuários é o mais gratificante. Uma forma concreta em que o design arquitetônico propõe uma mudança radical na experiência cotidiana.”
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